quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ritmo perverso da sociedade contemporânea

Na maioria das vezes trabalhamos com a visão do cabresto. Nos igualamos a um quadrúpede forte, destemido, mas sem cérebro. Perdemos a noção do que ocorre à nossa volta. Trabalho dobrado é coisa do Sansão de George Orwell. Trabalho, trabalho e mais trabalho, sem crítica, sem censura, sem questionamentos. O que está havendo com esta sociedade que cresce e se multiplica, numa luta constante pela mais valia, sem ver o próximo, sem sentir o calor humano da amizade esquecida? O mundo caminha num ritmo frenético rumo ao desconhecido, com um desenvolvimento tecnológico sem precedentes, com mudanças de hábitos desastrosos para as famílias.

Os pais ficam mais tempo no trabalho que no seio da família. Os filhos ficam à mercê da própria sorte, sem rumo, sem prumo. O mundo atual está forjando uma sociedade pautada na ganância, na luta pela igualdade de bens materiais. Não há sentimentos como outrora, não existe a conversa à mesa, na varanda ou no botequim. É um corre-corre. A tecnologia agilizou tudo, assim como nos apressou perante a vida cotidiana. O que sabemos hoje, é superado amanhã por uma nova imposição, mesmo que ela seja apenas de cunho psicológico. Num momento de reflexão – coisa rara num mundo a jato – se percebe o quanto a simplicidade de um passado recente dava mais alegria de viver. O orçamento era menor, as contas também.

Não havia TV de 42 polegadas, tamanho que vem preencher apenas o vazio dos nossos desejos de ter o que muitos não possuem. Compramos computador e ele não é utilizado para o fim destinado, corrompe o diálogo e alicia crianças e adolescentes. Tantas outras inovações vem dinamizar os afazeres e nos coloca num ambiente onde somos afetados cada vez mais pela necessidade de trabalhar, trabalhar e trabalhar. Nossa luta não tem a mesma finalidade do otário cavalo Sansão. Nossa meta é ainda pior: batalhamos por superioridade ou no mínimo igualdade financeira individual, a qual traz a falsa impressão que a prosperidade trará mais felicidade. Estamos enganados, mas não conseguimos fugir dessa realidade.


Por Roberto Crepaldi Dias

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